quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

O amor em Portugal


Não havia um dia específico para demonstrarmos o nosso amor pelo/a nosso/a eleito/a. Afinal, o amor acontece! O amor acontece quando menos esperamos e pela pessoa mais inesperada. O Cupido não aceita marcações prévias nem pede nem dá conselhos sobre quem é destinado a quem. Também não consulta astrólogos, numerologistas, bolas de cristal...


A Cantarinha dos Namorados ou Cantarinha das Prendas 


A Cantarinha dos Namorados ou Cantarinha das Prendas é feita em barro vermelho polvilhada de mica branca.

Existem as Cantarinhas grandes, símbolo da abundância, do futuro, da esperança. E a Cantarinha pequena, símbolo da vida real, das incertezas do futuro e das pequenas felicidades do quotidiano.

A Cantarinha era utilizada, assim como os lenços dos namorados, como símbolo de aceitação ou rejeição de um pedido de namoro/noivado. Quando um rapaz se decidia em ir pedir a mão de uma rapriga à família dela, oferecia à rapariga a Cantarinha das Prendas. Se a Cantarinha era aceite, o pedido particular estava feito, e a partir daí ficavam comprometidos um com o outro. O anúncio do noivado era feito apenas se houvesse consentimento dos pais. Se houvesse consentimento dos pais, o noivado era anunciado e o dote tratado, e as prendas oferecidas aos noivos eram colocadas na Cantarinha (cordões de ouro, tranceletes, cruzes, corações). Outra versão diz que, dentro da Cantarinha eram colocadas rifas. A rapariga, tirava depois uma ao acaso que correspondia a uma prenda. 


Os lenços dos namorados

Diz-se que a origem destes lencinhos remonta aos séculos XVII - XVIII, quando as Senhoras bordavam para melhor passar o tempo, para se distraírem. Com o decorrer do tempo, este passatempo chegou ao povo.
No início, estes lenços, faziam parte do vestuário feminino e tinham apenas uma função decorativa. Eram lenços quadrados, de linho ou algodão, bordados conforme o gosto de cada uma.
No entanto, estes lenços tinham outra função, a conquista do namorado, o dar a saber ao eleito "as coisas do coração". Esta tradição e valor simbólico perdura até aos nossos dias.

Uma rapariga, quando chegava à idade de casar, começava a bordar um lenço em linho ou algodão, depois o bordado era entregue ao namorado ou "conversado". Se o visado o aceitasse, usá-lo-ia por cima do seu casaco domingueiro, colocava-o ao pescoço com o nó voltado para a frente, usava-o na aba do chapéu ou até mesmo na ponta do pau que era costume o rapaz trazer consigo. 

Caso contrário, o lenço voltaria às mãos da rapariga. Se por acaso, ele aceitasse mas, mais tarde, trocasse de parceira, fazia chegar à sua antiga pretendida o lenço, e outros objectos que lhe pertencessem, como fotografias, cartas, pequenas ofertas... 

Os lenços revelam os sentimentos das raparigas em relação aos rapazes. Elas escrevem pequenos versos de amor, ou símbolos com cores apelativas, o amor é um sentimento colorido! 
Damos conta, muitas vezes, de erros ortográficos nestes lenços, que denunciam a falta de instrução da época.

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