quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Uma nação doente, diria mesmo, "às portas da morte"

A conturbada Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC) foi realizada por 10.220 professores, dos quais 1.473 reprovaram. Esclareço que o uso do qualificativo “professores”, que não “candidatos a professores”, como o ministro da Educação lhes chama, é consciente e está correcto. Porquê? Porque a lei vigente lhes confere esse título profissional, logo que terminam a sua formação superior. Portanto, se os apelidarem de “candidatos”, serão só “candidatos” a um lugar em escolas públicas.
Feito este esclarecimento, passemos aos factos e às considerações que me merecem:
1. Segundo os resultados divulgados, relativamente ao item da prova em que se pedia a produção de um texto com uma dimensão compreendida entre 250 e 350 palavras, 62,8% desses textos continham erros ortográficos, 66,6% erros de pontuação e 52,9% erros de sintaxe. Isto é preocupante? É! Seja qual for a área científica da docência, é exigível a um professor que conheça o código de escrita e, muito mais, a sintaxe, sem cujo domínio não se exprimem ideias de forma ordenada e coerente. Como é preocupante o presidente da República dizer, reiteradamente, “cidadões” em vez de cidadãos! Ou recriar o futuro do verbo fazer, de farei para “façarei”. Como é preocupante o primeiro-ministro dizer “sejemos” em vez de sejamos. Como é preocupante encontrarmos no comunicado do Ministério da Educação e Ciência, ironicamente sobre a PACC e no próprio dia em que teve lugar a segunda chamada, um estranho verbo “revir” em lugar de rever. Como é preocupante uma deputada escrever “sensura” por censura, “tulero” por tolero ou “bloquiarei” por bloquearei.
2. Posto o anterior, sucede-se a pergunta óbvia: e agora? Agora temos a humilhação pública de toda uma classe, com todo o cortejo de generalizações abusivas e nada acrescentado à superação de eventuais lacunas na formação dos jovens professores (jovens, sim, porque é bom recordá-lo, falamos de professores que nunca deram uma só aula ou têm menos de cinco anos de contratos precários, em regime de escravatura moderna).
O incremento da qualidade dos professores só se consegue com a valorização da sua formação, inicial e contínua, e com a melhoria das condições de trabalho. Mas Nuno Crato e os que o apreciam como o justicialista do “eduqês” galopam estes resultados como se com eles fosse possível substituir o investimento na formação por uma prova que não destrinça um bom professor de um satisfatório perito em decifração de charadas.
3. Dito o que disse supra, tenho legitimidade para fazer 3 perguntas simples:
- Como se pode confiar na integridade do processo de apuramento dos resultados da PACC, particularmente depois de o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) ter trocado chaves de correcção e de o país ter conhecido a fraude da avaliação encomendada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, cujo contrato impunha um determinado resultado?
- Como foram contabilizadas, nas estatísticas do IAVE, as provas entregues depois de marcadas com diferentes expedientes de protesto? Foram muitas ou foram poucas? Quantas?
- Que influência tiveram nos resultados os múltiplos tipos de coacção verificados e as grosseiras faltas de condições mínimas para a realização de um exame (ampla e publicamente documentadas nas televisões)?
4. O epílogo desta saga remete-nos, finalmente, para o mais grave problema da nossa sociedade: a pulverização da confiança dos cidadãos no Estado e nas elites que nos governam. A deriva do país, entregue a dirigentes sem ética nem vergonha, não se detecta apenas na Educação. Está por todo o lado, qual tsunami de lama.
O governador do Banco de Portugal e o presidente da República disseram-nos que o BES era sólido e que podíamos estar tranquilos. Com o golpe de mão de 3 de Agosto e a divulgação pública da acta que o consumou, não foi só o BES que foi reduzido a nada. Nenhum dos que “se não sabiam deviam saber” veio a público reconhecer a incompetência com que facilitaram tantos crimes de mercado.
Em 2007 escrevi sobre o drama de Manuela Estanqueiro, professora com 63 anos de idade, 30 de serviço, vítima de leucemia aguda, a quem, por duas vezes, uma junta médica recusou a reforma por doença e obrigou a dar aulas nas vascas da morte e em sofrimento desumano. Um tribunal de segunda instância acaba de condenar a Caixa Geral de Aposentações a pagar à filha uma indemnização de 20.000 euros. Os responsáveis por esta vergonha de uma sociedade sem critério, mais aqueles que tiveram o desplante de recorrer da sentença inicial, pedindo que a indemnização fosse reduzida para 5.000 euros, continuam nos seus postos, sem beliscadura. Como Ricardo Salgado permanecerá no seu iate e na sua mansão, sem que o fisco estranhe que tal cidadão não tenha um só bem em seu nome.
Três anos de austeridade não destruíram só a economia, o emprego e os direitos sociais. Adoeceram a nação.
In "Público" de 13.8.14

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Eu e a LR


Conheci a LR através da namorada do meu filho. 
Sou um bocadinho avessa a medicamentos e se encontrar algo natural, que me faça bem, prefiro. 
A saúde é o nosso bem mais precioso! E, se já passámos por algum problema de saúde grave e se nos disseram até: "Saiu-lhe a sorte grande, a terminação... tudo o que havia para ganhar!"...
A verdade, é que quando passamos por algum problema de saúde, damos mais apreço a tudo, encaramos a vida, a partir daí, como uma segunda oportunidade... Tudo é vivido de outro modo! Parece que a nossa vida dá uma reviravolta, apressamo-nos a mudar o que não está bem, mudamos os nossos hábitos, as nossas rotinas, a nossa forma de ver a vida, o que era importante deixa de ser, o que não era importante, passa a ser... Parece que queremos viver a mil à hora, parece que queremos mudar o que nos rodeia como mudámos nós. Sim. Nós mudamos e muito. A vida é o mais importante: só temos uma, e se a tivemos em perigo... As pessoas são o mais importante! O diz-que-disse, as conversas da "treta", o mau-humor, a inveja... Nada disso tem sentido. A simpatia, o sorriso, o querer ajudar, uma palavra amiga, a partilha, os outros... É tudo o que importa.

Quando alguém já sentiu a sua vida em perigo, está sempre em alerta, tem medo de voltar a passar por outra situação igual ou semelhante... Quando se aproxima a data de fazer os exames de rotina, sente tudo e mais alguma coisa... Quando está a fazer os exames, está tenso e, pelo canto do olho, estuda a fisionomia do médico (tem um ar preocupado, insiste e insiste em passar com o aparelho num dado lugar...) e espreita ao mesmo tempo o monitor do computador. Só descontrai, quando o médico, que nos conhece há já uma dezena de anos, nos diz, está tudo bem, pela nona vez, pois a primeira foi a tal em que estava tudo mal, a tal que recebemos como um veredicto, como um ponto final. O ponto final que afinal se transformou em reticências!...

Detesto medicamentos, leio as bulas do princípio ao fim e decido se tomo ou não tomo. A maior parte das vezes, se não estiver muito aflita, não tomo. Já dei comigo a dizer ao médico, mas o senhor já viu as contra-indicações do medicamento que me prescreveu? Não morro da doença, morro da cura! Ele ri e, se o caso for sério, diz, como me disse, há cerca de dez anos, tem mesmo de tomar.

Estou sempre atenta ao que se passa com o meu corpo, conheço-o muito bem! Se algo não está bem, ataco logo. Mas, o importante não é atacar, quando algo está menos bem, o importante é mesmo prevenir... 
Pelo Natal, descobri um nódulo na tiróide, fui à médica de família, fiz exames, viu os exames e mandou-me ir a um endocrinologista. Fui, e fiz mais e mais exames e entrei mais em parafuso... Mais, porque eu já andava completamente aflita e a fazer das tripas coração para me manter calma e serena...
Um nódulo com cerca de cinco centímetros sente-se, vê-se, palpa-se, incomoda... e cada vez que engolimos anda para baixo e para cima... E é uma coisa que não queremos ter e, quando a médica me propôs esperar 6 meses para ver a evolução, recusei, tal como fiz da outra vez... Não faz parte do corpo, tira-se e pronto. Não quer pensar, falar com a família, ouvi pela segunda vez, e, pela segunda vez, a minha resposta foi não. A decisão tomada, era só marcar a cirurgia... que não aconteceu, graças aos produtos de saúde e nutrição da LR.

E foi assim que a LR entrou na minha vida. Precisava de algo que me ajudasse a criar defesas, a preparar para a cirurgia, para... para... para... Tomei o que o doutor Jorge (o médico da LR em Portugal) me indicou: um gel de Aloe Vera bebível, vitaminas... E, passados pouco mais de quinze dias (de estar a tomar o prescrito pelo médico), o malfadado nódulo desapareceu, tal como veio. Eclipsou-se!... O nosso corpo é extraordinário e se estiver saudável, expulsa tudo o que não presta... Fortaleci as minhas defesas, fortaleci o meu sistema imunitário e o meu organismo mandou às urtigas o nódulo. A cirurgia não aconteceu, foi só preciso explicar à médica a razão por que queria-tanto-ser operada-já e agora já não queria porque não havia nada para operar...

Há histórias felizes e eu já protagonizei algumas!