domingo, 24 de abril de 2011

Lenda da Páscoa




Lenda do Folar da Páscoa

A lenda do folar da Páscoa é tão antiga que se perde no tempo a data da sua origem. Diz a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que desejava casar cedo. Então, para que o seu desejo se tornasse realidade, rezou muito a Santa Catarina. Logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem ficou completamente indecisa e voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa. Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre. Amaro queria uma resposta e deu-lhe um prazo: Domingo de Ramos. Passadas algumas horas, surgiu o lindo fidalgo. Também ele queria saber qual a sua decisão, acertando também como data limite o Domingo de Ramos. Mariana , indecisa, não sabia quem escolher. Eram tão lindos os dois!
No Domingo de Ramos, uma vizinha, muito aflita, foi avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, disse o nome de Amaro, o lavrador pobre. A decisão estava tomada, casaria com Amaro.
Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar o seu amor. Mais uma vez, Mariana pediu ajuda a Santa Catarina e rezou, a seus pés, tão fervorosamente, que a imagem da Santa lhe sorriu. No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar de Santa Catarina e, quando chegou a casa, encontrou, em cima da mesa, um grande bolo com ovos inteiros, no centro, rodeado de flores. As flores que Mariana tinha acabado de deixar no altar da santa. Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante. Pensaram ter sido ideia do fidalgo e dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este mostrou-lhes também um bolo parecido. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.
Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, o afilhado costuma levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de baptismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe, em retribuição, um folar.



Presentes de Páscoa


A Páscoa é, em Portugal, uma época característica de presentes cerimoniais, sobretudo de índole alimentar: os «folares». Antigamente, o folar tinha a forma de um ninho e tinha uma galinha pousada sobre um ovo, ou apenas um ovo em cima. Hoje, são raros os folares que incluem a galinha.

Existem em Portugal diferentes espécies de folares, consoante a região. O mais corrente e divulgado é um bolo em massa seca, doce e ligada, feita com farinha de trigo, ovos, leite, banha, açúcar e fermento e condimentado com canela e ervas aromáticas – uma espécie de regueifa ou fogaça – comum em todo o Sul, no Algarve e no Alentejo, na Estremadura, nas Beiras e na zona do Porto.

No sul são redondos, espessos e maciços e comem-se no Domingo de Páscoa, ou, em certos sítios, na Sexta-Feira Santa, na segunda-feira a seguir à Páscoa ou na Pascoela. Nos arredores de Lisboa têm a forma ovalada, em Aveiro a de coração e ter também a forma de animais: lagartos, pintos, borregos, pombos, etc.

O Rio Douro marca o limite da difusão desse tipo de folar. No Nordeste montanhoso e planáltico de Trás-os-Montes, o folar é uma bola redonda, em massa dura, feita com farinha, ovos, leite, manteiga e azeite, que encerra bocados de carne de vitela, frango, coelho, porco, presunto e rodelas de salpicão, cozidos dentro de massa, que junto deles fica mais tenra com a gordura que deles se desprende. Podem ser grandes e altos, como em Bragança e Mirandela, ou achatados e pequenos, em massa seca, como em Freixo de Espada à Cinta.


A Mena na cozinha

Folar da Páscoa



1 kg de farinha
250 g de margarina
35 g de fermento de padeiro
100 g de açúcar
3 ovos
5 dl de leite
sal
1 colher (de café) de erva-doce
1 colher (de chá) de canela

Dissolva o fermento num pouco de leite morno. Junte 200g de farinha e amasse bem. Deixe levedar.
Entretanto, trabalhe a restante farinha com os ovos, o açúcar e o leite, até obter uma massa bem leve. Adicione a margarina derretida, o sal, a erva-doce e a canela e trabalhe bem a massa. Por fim, junte-lhe o fermento que esteve a levedar. Amasse bem até a massa se soltar das mãos e do alguidar. Cubra com um pano e deixe levedar de 2 a 5 horas em local aquecido.
Divida a massa em bolas e achate-as um pouco.
Sobre cada bola uma coloque um ou mais ovos cozidos, conforme o tamanho da base da massa. Prenda os ovos com algumas tiras de massa.
Pincele com gema de ovo e leve a cozer em forno quente.



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