sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo! Happy New Year! Bonne année! Feliz Año Nuevo! Buon Anno!



12 frases para viver


1. “Quero-te não por quem és, mas por quem sou quando estou contigo.”

2. “Ninguém merece as tuas lágrimas, e quem as merecer não te fará chorar.”

3. “Só porque alguém não te ama como tu queres, não significa que não te ame com toda a sua alma.”

4. “Um verdadeiro amigo é aquele que pega na tua mão e te toca o coração.”

5. “A pior forma de se sentir a falta de uma pessoa é estar sentada ao seu lado e saber que nunca a vais poder ter.”

6. “Nunca deixes de sorrir, nem sequer quando estás triste porque nunca sabes quem se poderá apaixonar pelo teu sorriso.”

7. “Podes ser simplesmente uma pessoa para o mundo, mas para alguém o mundo és tu.”

8. “Não passes o tempo com alguém que não esteja disposto a passá-lo contigo.”

9. “Quem sabe Deus quer que conheças muita gente errada antes de conheceres a pessoa certa, para que quando a finalmente conheceres, saibas estar agradecido.“

10. “Não chores porque acabou, sorri porque aconteceu.”

11. “Haverá sempre quem te desiluda, assim o que tens de fazer é seguir confiando e só ser mais cuidadoso em quem confias duas vezes.”

12. “Não te esforces tanto, as melhores coisas acontecem quando menos as esperas.”

GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ


Como se diz Feliz Ano Novo por aí!

- Albanês - Gëzuar Vitin e Ri
- Alemão - Glückliches neues Jahr (Gutes Neues Jahr)
- Basco - Urte Berri
- Catalão - Feliç Any Nou
- Croata - Sretna Nova godina
- Dinamarquês - Godt Nytår
- Eslovaco - Šťastný Nový Rok
- Espanhol - Feliz Año Nuevo
- Finlandês - Onnellista uutta vuotta
- Francês - Joyeux Nouvel An
- Inglês - Happy New Year
- Italiano - Buon anno
- Neerlandês - Gelukkig Nieuwjaar
- Norueguês - Godt Nyttår
- Romeno - La mulţi ani
- Sueco - Gott Nytt År
- Tcheco - Šťastný Nový Rok
- Turco - Yeni Yılınız Kutlu Olsun



RECOMEÇAR

Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Miguel Torga



"É preciso começar desde o princípio. Desde o princípio. É preciso refazer tudo, refundir a sociedade portuguesa de baixo a cima, incansavelmente, obstinadamente, com o desespero tenaz e glacial de quem se debate contra a morte. A tarefa é árdua, trabalhosa, dolorosa, e demanda rios de energia perseverante. Mas é preciso empreendê-la sob pena de nos vermos morrer ingloriamente, indignamente, relesmente, com o desprezo dos outros - e de nós mesmos."

Manuel Laranjeira



sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Mime-se!





Hoje, tirei o dia para me mimar: um dia inteirinho dedicado a mim. Depois de uma noite bem dormida, espreguicei-me como uma gata, e levantei-me, não muito cedo, eram para aí dez horas, olhei-me ao espelho, ajeitei o cabelo, sorri e desci para tomar o pequeno-almoço: só fruta fresca.

Voltei ao quarto, enfiei-me na casa de banho, lavei os dentes e sorri, limpei o rosto com um creme de limpeza caseiro (made by Vió), que é um verdadeiro espanto: a minha pele ficou luminosa, limpinha, macia... e voltei a sorrir...
Depois, vesti uma roupinha prática e voltei a descer, pus um CD a tocar e fui fazer meia horinha de ginástica, no meu mini-ginásio, ao ritmo da música. Não, não é para emagrecer, não preciso, só peso 54 kg, é só para manter a forma, tonificar os músculos...

Voltei à minha casa de banho, pus a água a correr, despejei sais à base de ameixa, rica em vitaminas e minerais, que possui um efeito regenerante, rejuvenescedor e antioxidante, o seu aroma combinado de amêndoa e de ameixa é agradabilíssimo, e ali fiquei, um bom bocado, com a água a borbulhar, a ler:

Saí do banho, vesti o robe e fui preparar esta saladinha:


E um belíssimo sumo de laranja.


Almocei e voltei aos mimos, preparei uma máscara:

1 chávena de café de leite
1 maçã picada

Leve o leite ao lume e, quando estiver a ferver, acrescente a maçã picada. Deixe cozinhar até amolecer. Desligue e espere arrefecer. Amasse, acrescentando mais leite (se necessário) até obter uma pasta. Aplique com um pincel no rosto e no pescoço limpos, aguarde 20 minutos e retire com água fria.


Esta máscara aumenta a elasticidade, hidrata, nutre, tonifica e revigora a pele.

Atenção, estes mimos devem ser feitos, quando estamos sós, em casa. Não é de bom-tom aparecer assim, nesta figura, à frente do nosso marido, namorado...
O meu marido nunca me viu nestes preparos! Já me viu sem maquilhagem, de pijama, de camisa de noite... (bem bonitos, claro!) Mas nunca fico o dia inteiro em trajos menores! Nem pensar, tenho de estar sempre no meu melhor!

Um dia, era eu bem garota ainda, ouvi a minha mãe a falar com uma vizinha, dizia a senhora Alda que o marido já não a procurava... Naquela altura, achei aquela conversa esquisita, porque havia ele de a procurar se ela não estava perdida! E a minha mãe dizia-lhe que ela não deveria andar todo o dia de camisa de dormir e robe... A nossa vizinha, como não trabalhava fora, ficava o dia todo sem se arranjar. A minha mãe aconselhou-a a arranjar-se como se fosse sair e a esperar o marido com o maior sorriso do mundo estampado na cara, disse-lhe ainda que comprasse lingerie nova e bonita... Terminou a conversa, dizendo que o marido dela nunca via as outras mulheres mal arranjadas... A nossa vizinha foi às compras com a minha mãe e mudou totalmente de atitude. Ainda hoje, já com uma certa idade, se põe linda para o marido!

Nunca me esqueço desta história!

Bem, vou continuar a contar-vos o meu dia. Depois de retirar a máscara, vesti-me, maquilhei-me levemente e saí para um encontro com uma amiga. Lanche, conversa, risos e sorrisos, gargalhadas...

E o nosso lanchinho foi aqui!



Hum, que acham? Não tem o ar mais apetitoso do mundo? Foi este o meu lanche.

Dirigi-me, então, ao cabeleireiro.

Por fim, fui buscar a minha filhota (estava com os colegas), corri para casa, dei um beijão ao meu filhote, arranjei-me e fiquei à espera do maridão, com o ar mais feliz do mundo.


CAVALEIRO DO CAVALO DE PAU



Vai a galope o cavaleiro e sem cessar

Galopando no ar sem mudar de lugar.


E galopa e galopa e galopa, parado,

E galopa sem fim nas tábuas do sobrado.


Oh!, que brabo corcel, que doídas galopadas,

Crinas de estopa ao vento e as narinas pintadas!


Em curvas pelo ar, em velozes carreiras,

O cavalo de pau é o terror das cadeiras!


E o cavaleiro nunca muda de lugar,

A galopar, a galopar a galopar!…



Afonso Lopes Vieira


Preparei o jantar:


E pronto, o meu dia terminou e... agora está na hora de ir dormir!


A moça tecelã


Li este belo conto e decidi partilhá-lo convosco. Espero que gostem!

A moça tecelã

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear. Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta. Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar. — Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente. — Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre. — É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela. A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.

Marina Colasanti


Encontrei a imagem na Net.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Listen to my music





É tão bom trabalhar embalada por esta linda voz!



A língua lusitana, essa “última flor do Lácio”


Trouxe daqui!

Link

2. A nossa língua tão acrisoladamente dinâmica, que se mais mundo houvera lá chegara, teve há poucos dias mais uns vislumbres de triunfal expansão. O Governo admitiu a hipótese de Portugal passar a exportar os seus tão habilitados professores para os quatro cantos do mundo, e, em especial, para as Áfricas e para os Brasis.

Parece todavia que esses ingratos países, aos quais nos tínhamos dignado dar a língua, a independência e a razão de ser, não apreciaram a oferta por aí além. E terão feito saber que passam bem sem o magistério assim prestimosamente disponibilizado de tantos agentes pedagógicos, tão lastimáveis quanto impreparados, ministrado naquela que, com pouca corrupção e alguma hiperbólica fantasia, os deuses costumavam crer que era a língua latina.

Foi uma atitude deveras displicente, tomada não apenas na quadra natalícia que atravessamos, mas numa ocasião em que se proclama, com base nos mais acurados estudos especializados em metafísicas do bláblá, que a língua lusitana, essa “última flor do Lácio”, só ela, imagine-se, vale nada menos do que 17% do PIB. Mas compreende-se:
Nem Angola nem Moçambique estão interessados em professores que se ponham a ensinar criancinhas e adultos analfabetos a escrever grafias suculentas como “perceção”, “receção”, “espetador”, “precetor”, e mais coisas assim, porque nos seus territórios nacionais está oficialmente adoptada a ortografia portuguesa e não um reles enxovalho para a língua comum.

Quanto ao Brasil, com todas as divergências já implicadas pela ortografia brasileira, o saudável país irmão também não está interessado em que as turmas escrevam “perceção”, “receção”, “espetador”, “precetor”, e coisas assim, que lhe desfiguram a maneira de escrever e de falar.

O resultado está bem à vista: o status quo ortográfico, no universo da língua portuguesa, vai manter-se com três grafias oficiais e divergentes: a portuguesa propriamente dita, a vigorar plenamente em Angola e Moçambique; a brasileira propriamente dita, institucionalizada e praticada no Brasil desde há décadas; e, last but not least, a imbecil, utilizada e imposta em Portugal por políticos que não sabiam nem sabem o que estão a fazer, que atropelaram a Constituição e a Lei e que só fazem jus ao qualificativo de irresponsáveis sem escrúpulos.

Duas conclusões neste fim de ano tão nefasto. O direito à greve não é um direito absoluto e o Acordo Ortográfico não está em vigor. Enquanto estas coisas não forem corrigidas, Portugal continua a ser uma vergonha sindical, uma vergonha cultural e um estado de torto.


Vasco Graça Moura


Ainda vamos a tempo: Estes são os locais públicos, geralmente estabelecimentos comerciais, onde pode subscrever a ILC pela revogação da entrada em vigor do AO90. Em qualquer destes locais pode também ler o texto do Projecto de Lei que apresentamos e obter uma cópia do impresso de subscrição para distribuir pelos seus familiares, amigos e colegas.


Época da Ditadura!


Não deixa de ser engraçado . . .

Na época da "chamada" ditadura...


Podíamos acelerar os nossos automóveis pelas auto-estradas acima dos
120km/h sem nenhum risco e não éramos multados por radares
maliciosamente escondidos, mas... não podíamos falar mal do presidente.



Podíamos comprar armas e munições à vontade, pois o governo sabia quem
era cidadão de bem, quem era bandido e quem era terrorista, mas... não
podíamos falar mal do Presidente.



Podíamos dar piropos à funcionária, à menina do "guichet" das contas a pagar ou à
recepcionista sem correr o risco de sermos processados por "assédio
sexual", mas... não podíamos falar mal do Presidente.



Não usávamos eufemismos hipócritas para fazer referências a raças (ei!
preto!), credos (esse crente aí!) ou preferências sexuais (fala! sua bicha!)

e não éramos processados por "discriminação" por esse motivo, mas... não
podíamos falar mal do presidente.



Podíamos tomar a nossa redentora cerveja no fim do expediente do
trabalho para relaxar e
conduzir o carro para casa,
sem o risco de sermos jogados à vala da delinqüência, sendo presos por
estarmos "alcoolizados", mas... não podíamos falar mal do Presidente.



Podíamos cortar a árvore do quintal, empestada de praga, sem que isso constituísse
crime ambiental, mas... não podíamos falar mal do presidente.


Podíamos ir a qualquer bar ou boite, em qualquer bairro da cidade, de
carro, de autocarro, de bicicleta ou a pé, sem nenhum medo de sermos
assaltados, sequestrados ou assassinados, mas... não podíamos falar mal
do presidente.




Hoje, a única coisa que podemos fazer....

...é falar mal do presidente!

Que merda!...






quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Ainda o (des)Acordo Ortográfico...


Aqui fica parte deste artigo!

(...)

No nosso diálogo sobre essa temática, ele finalizou-o dizendo o seguinte – Para mim como linguista é impossível retirar um simples acento só porque sim! E acrescentou – Vou continuar a escrever conforme me ensinaram.

Esta coisa que alguns chamam de acordo ortográfico pode ser analisada em três vertentes – técnica, económica e política.

Em primeiro lugar, quero acreditar na boa-fé dos agentes que promoveram o AO, só assim posso compreender tamanha anormalidade, pois pensaram que removendo um acento, um “c”, um “p” não estariam a fazer grande mal, pois só representava 1,4% das alterações. Partiu-se do princípio que a língua portuguesa não forma um sistema, é uma espécie de uma coisa descartável que possuí apêndices supérfluos, e que praticamente tudo pode ser manipulado ao livre arbítrio das vontades e continuará a funcionar na perfeição. Para exemplificar, é como construir um edifício, não respeitando as normas do projecto, vai-se adicionando ou eliminando elementos ao seu gosto, e com o tempo verificar-se-à que quando finalizado não terá as características nem a finalidade previamente concebidas.

Há imensos exemplos sobre esta barbaridade linguística e aconselho vivamente a quem tem dois dedos de testa a ler e a ouvir as opiniões da professora Maria do Carmo Vieira que são esclarecedoras quanto ao imediato e quanto ao futuro da língua.

Apenas quero frisar um exemplo em que sou várias vezes oprimido na minha visão, nomeadamente quando a televisão pública que tem o desplante de projectar algumas maldades. Será que “espectador” tem o mesmo significado que “espetador”?

Interrogo-me se estou a ver um programa televisivo ou se querem espetar-me algo. É claramente uma incongruência absurda, pois o simples facto da remoção de uma humilde letra faz destoar por completo o sentido da palavra. E só mais um exemplo do grotesco a que chegamos: há semanas o jornal Expresso, um dos poucos jornais de referência que aderiu a esta moda anacrónica, muito possivelmente por razões de interesse económico e das parcerias do grupo Impresa que tem no Brasil, tinha como título de uma notícia o seguinte “Assage para a máquina”. Depreende-se que o fundador do Wikileaks vai para uma máquina, um movimento activo, mas não, o verdadeiro sentido da frase é precisamente o contrário, a forma passiva, de interrupção da acção. É extraordinário como a simples omissão de um acento desvirtua a construção de uma frase, e afinal o Timo Riiho tinha toda a razão.

Em conclusão, do ponto vista técnico o AO não tem ponta que se lhe pegue e, a longo prazo, a fonética vai-se transformando, pois não é a mesma coisa ler “directo” e “direto” porque é uma falsa sílaba muda. Cegos, surdos e mudos foram aqueles que inventaram esta “coisa”.

Bruno Caldeira