quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Frei Luís de Sousa - Fontes literárias

Frei Luís de Sousa - Fontes literárias


Memória ao Conservatório Real” é uma introdução à peça Frei Luís de Sousa, lida em conferência ao Conservatório Real de Lisboa a 6 de Maio de 1843. Neste texto, Garrett tece inúmeras considerações sobre a literatura, o teatro e a função do artista na sociedade, o que contribui para melhor conhecermos o pensamento e os objectivos do escritor.


Frei Luís de Sousa

Escritor português, nascido em 1555, de origem nobre, de nome Manuel de Sousa Coutinho, Cavaleiro da Ordem de Malta, esteve cativo em Argel, onde segundo algumas fontes terá conhecido Cervantes. Ao regressar casou com D. Madalena de Vilhena, viúva de D. João de Portugal que morrera ou ficara cativo na Batalha de Alcácer-Quibir. Manuel Coutinho tem uma filha deste casamento, que morre jovem. Mais tarde, ambos os cônjuges resolvem ingressar na Ordem Dominicana, assumindo Manuel de Sousa o nome de Frei Luís de Sousa. Dedica-se à escrita no convento e redige uma obra “Vida de Dom Frei Bartolomeu dos Mártires” de carácter autobiográfico, que mais tarde veio inspirar Garrett.


No texto “Memória ao Conservatório Real”, o autor esclarece quais foram as fontes literárias que utilizou para compor a peça “Frei Luís de Sousa”. O seu interesse pela figura de Frei Luís de Sousa começou quando o autor assistia a uma comédia espanhola sobre esta mesma personagem. Mais tarde, ao contactar com o texto “Memória do Sr. Bispo de Viseu D. Francisco Alexandre Lobo” apercebeu-se do grande potencial dramático da história em questão e resolveu reler a narrativa de Frei António da Encarnação. Por fim, ao ler um relatório sobre a peça “O cativo de Fez” de Silva Abranches, também inspirada na figura de Frei Luís de Sousa, decidiu tratar o assunto ele mesmo e de modo totalmente diferente. Após um aturado estudo de contextualização histórica, surge uma das obras mais paradigmáticas do teatro português, “Frei Luís de Sousa”.


Classificação literária da obra


Segundo o texto "Memória ao Conservatório Real", Garrett considera a obra “Frei Luís de Sousa”:

- tendo em conta o conteúdo – uma tragédia.

- tendo em conta a forma – um drama


As opções de Garrett


· Em termos de linguagem:

- recusa da utilização do verso: "(...) posto que eu não creia no verso como língua dramática possível (...)"

- defesa da utilização da prosa: "(...) repugnava-me também pôr na boca de Frei Luís de Sousa outro ritmo que não fosse o da elegante prosa portuguesa (...)"


· Em termos de assunto:

- poucas situações;

- poucas personagens;

- atitudes simples.


Definição do tipo de acção em “Frei Luís de Sousa”: "Nenhuma acção mais dramática, mais trágica do que esta (...)"


Contextualização da obra


O estudo do homem é o estudo deste século


Como executar?

- Coligir os factos do homem.

A quem compete executar?

- Ao sábio.


Como executar?

- Comparar os factos do homem, achar a lei de suas séries.

A quem compete executar?

- Ao filósofo, ao político.


Como executar?

- Revestir os factos do homem das formas mais populares.

- Derramar assim pelas nações um ensino fácil, uma instrução intelectual e moral.

- Surpreender os ânimos e os corações da multidão, no meio dos próprios passatempos.

A quem compete executar?

- ao literato, ao poeta.


Romantismo como a época literária do romance e do drama.


Este excerto permite contextualizar a obra “Frei Luís de Sousa” no período literária do Romantismo, visto que é reforçada a necessidade de educar o povo, mostrando-lhes as nossas raízes populares e tornando a cultura acessível, característica muito comum nos românticos, nomeadamente em Garrett, conhecido também como pedagogo.


As notas do autor


O carácter pedagógico da escrita de Garrett verifica-se na peça Frei Luís de Sousa. Para além de todas as características típicas de um texto dramático, esta peça possui notas do autor que pretendem instruir, mais do que elucidar, trata-se de mais uma característica do Romantismo.

Repara:

«Destes antigos familiares das casas ilustres, ou que viviam à lei de nobreza, ainda na minha infância conheci alguns representantes. Nas províncias, e principalmente nas do Norte, até o começo deste século, o escudeiro não era um criado, era um companheiro muitas vezes nem inferior em nobreza, e só dependente pela fortuna. Foi o último vestígio do pouco que havia de patriarcal nos hábitos feudais. O escudeiro é uma figura característica no quadro dos costumes portugueses, enquanto os houve; e hoje mais interessante, depois que se apagou toda a fisionomia nacional com as modas e usos estranhos, nem sempre mais elegantes que os nossos». (A. Garrett)

«Não é de invenção minha este argumento que convence tão fortemente o bom do aio velho, e que me lisonjeio de ser uma das coisas mais características e originais que o observador não vulgar encontrará talvez nesta composição. Tirei-o de um precioso tesouro donde tenho havido quási tudo o que em meus escritos literários tem tido a fortuna de ser mais aplaudido. O tesoiro são as reminiscências da minha infância, e o estudo que incessantemente tenho feito da linguagem, do sentir, do pensar e do crer do nosso povo, que é o mais poético e espirituoso povo da Europa.(…)” (A. Garrett)

«É o antiquado de fareis, que Maria aqui imprega com graciosa afectação, para falar em estilo de donzela romanesca, dando ordens ao seu escudeiro. Ponho isto aqui, porque sei que me notaram o arcaísmo como impróprio do tempo; era-o com efeito no século XVII em que aí estamos, se não fora trazido assim.» (A. Garrett)

«Os Lusíadas eram decerto então no princípio do século dezassete um livro da moda e que devia andar sobre o bufete de todas as damas elegantes. Hoje está provado que só no primeiro ano da sua publicação se fizeram em Lisboa duas edições, que por sua grande similhança confundiram muito tempo os críticos e bibliófilos. Até o ano de 1613, época da separação de Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena de Vilhena, as edições dos Lusíadas eram já nove, desde a primeira, de 1572, até à do referido ano de 1613, que é a dos célebres comentários de Manuel Correia, feita por Pedro Craesbeck. Das Rimas contam-se três edições do mesmo período; a quarta fez-se no seguinte ano de 1614. Dois autos tinham, saído na colecção do Prestes». (A. Garrett).

«De todos os retratos de D. Sebastião que sei existirem, creio que o mais autêntico é o que está, ou estava, pelo menos até 1828, em Angra, na Ilha Terceira, no palácio do Governo, que antigamente fora Colégio dos Jesuítas. É tradição ter sido para ali mandado por el-rei mesmo em sua vida. Muitas vezes contemplei longamente aquele retrato na minha mocidade, e por ele é feita a descrição que pus na boca de Maria.» (A. Garrett)



A Mena na cozinha

Kibe com atum

250 g de trigo para kibe
0,5 kg de atum
2 cebolas
6 dentes de alho
2 ramos de hortelã
2 colheres de pimenta
1 colher de canela em pó
Sal, piripiri, azeite

Coloque o trigo para kibe numa tigela e cubra com água quente, deixando 2 cm de água acima do trigo. Deixe de molho durante aproximadamente 1 hora.
Pique a cebola, os alhos e a hortelã na máquina. Misture a pimenta, a canela, o sal e o piripiri e envolva.

Numa tigela grande, deite o trigo demolhado e o atum desfiado e amasse bem. Seguidamente, adicione os temperos que preparou na picadora e misture bem, amassando com as mãos. Por fim, corrija os temperos, se for necessário.

Unte um tabuleiro com azeite e distribua a massa do kibe. Alise com uma colher e deite um fiozinho de azeite por cima.

Leve ao forno 30 a 40 minutos aproximadamente.

Sirva com salada de rúcula e batatas fritas.
Bom apetite!



Trabalhinho:


1 comentário:

Sylvana disse...

Se ve muy rica tu receta.
Gracias por el lindo comentario, la verdad que Ingrid nos ha comprado y nos tiene bobos. Es una ternura con su sonrisa y sus muecas ahora cuando se enoja, levanta los techos llorando. Igual la amamos, jaja