sexta-feira, 19 de março de 2010

Especial - Dia do Pai

A equipa da Biblioteca Escolar preparou uma brochura para os meninos e meninas do 1.º ciclo assinalarem este dia muito especial – O Dia do Pai.


Muitas histórias serão contadas, hoje, a dois, debaixo de uns cobertores ou edredões bem quentinhos! Verdade?


A equipa da Biblioteca espera que esta prática se torne num saudável momento de partilha e magia.



Aqui fica o conteúdo do pequeno livrinho, espero que gostem!



Ah, cada criança decorou a sua pequena brochura com desenhos, pinturas e colagens a seu gosto!


Neste dia especial, queremos partilhar consigo, pai, algumas dicas importantes.

Já sabe que ler é bom, ajuda a crescer, desenvolve a linguagem do seu educando e desenvolve a imaginação. Por isso, use e abuse da leitura em família.



O quando?, o quê?, e o onde? É quando ambos quiserem.



Aqui ficam apenas algumas sugestões para ajudar a criar momentos de intimidade e de sonho entre ambos.



Sugestões:



1. Os nomes das histórias podem ser substituídos, as frases podem ser alteradas, o final das histórias pode ser outro. As histórias que lê ao seu(sua) filho(filha) são suas, faça delas o que entender.


2. O tempo das histórias não se pode contar, não se pode marcar. O importante não é ler 10, 20, 30 minutos. O importante é ler, o tempo de leitura fica ao critério de ambos. Hoje pode ser uma história pequena, amanhã uma grande… O importante é que estejam juntos e aproveitem esses momentos.


3. Leia depressa, devagar, invente, acrescente, mude, salte linhas, mas sempre atento ao seu ouvinte. Se ele mostrar impaciência pare, deixe para o dia seguinte.


4. Todas as histórias são bilhetes para um lugar imaginário. Faça a viagem acompanhado e fique por lá o tempo que entenderem. A magia das histórias não está no que está escrito, mas naquilo que criam em conjunto.


5. Conte uma história e faça um filme – imaginário – com a sua criança. Imagine batalhas, vitórias, receios, derrotas e ensine-o a lidar com todos os sentimentos que fazem parte da sua vida.

6. Não tenha receio de ser apanhado a ler histórias para adormecer para si próprio. As histórias não têm idade para serem lidas.


7. As histórias devem ser lidas na cama, com o leitor e o ouvinte debaixo do mesmo cobertor, para que o sono lhes tome os olhos e adormeçam felizes.


Sugestões adaptadas do livro de Isabel Stilwell, Histórias para contar em minuto e meio




O mata-pesadelos


O João tinha imensos pesadelos. Os pesadelos metem muito medo, porque parecem mesmo, mesmo verdade. O João às vezes sonhava que um ladrão vinha atrás dele a correr, outras vezes que tinha caído na piscina e não conseguia nadar. E sonhava com vulcões enormes, que rebentavam com fumo e fogo e deitavam lava – lava a ferver que descia o monte e se espalhava por todo o lado – e mesmo quando acordava não podia ir a correr para a cama dos pais, porque tinha medo de se queimar quando pusesse os pés no chão! E então gritava: “mããããããe. Paaaaaaai!”, e ou um ou outro apareciam sempre, mesmo que muito estremunhados, para o salvar.

Pegavam-lhe ao colo e abraçavam-no com muita força e o João agarrava-se-lhes ao pescoço como uma lapa a uma rocha. Os colos são melhores do que xaropes para fazerem com que o coração deixe de bater tão depressa, e quando são bons – porque os maus só dá vontade de fugir de um salto – tiram mesmo os medos.

O colo da mãe e do pai do João tirava-lhe o susto, mas o pior era que, quando ele sossegava, tinham a mania de o querer pôr outra vez na mesma cama. E o João gritava outra vez assustado, porque tinha a certeza de que o pesadelo ainda estava escondido nas dobras do edredão ou dos lençóis, disfarçado por detrás da almofada, pronto para voltar a atacá-lo mal os pais saíssem do quarto.

Então, um dia, o pai teve uma ideia e disse ao filho:

- João, o pai vai inventar um “mata-pesadelos”. Mas a primeira coisa que temos de fazer é desenhar os teus sonhos maus.

E o João sentou-se no chão e desenhou folhas e folhas de papel com vulcões e lavas, ladrões e monstros, e fez o retrato de todas as coisas horríveis que lhe apareciam na cabeça a meio da noite.

- Boa, João – disse o pai. – E agora vamos amarrotar esses papéis todos, rasgá-los aos bocadinhos mesmo pequeninos e atirá-los para o caixote de lixo – explicou.

E o João desatou a rasgar e a amachucar os sonhos maus com a raiva toda que tinha por eles, e a certa altura perguntou:

- Pai, posso atirá-los para a lareira para ficarem mesmo queimados até serem só cinzas?

O Pai disse que sim, e o João atirou os pesadelos todos para o fogo, e viram-se sair faíscas e raios, e desapareceram em pó.

- E agora? – quis saber o João.

- Agora – explicou o pai – Já matámos todos os pesadelos que existiam. E a seguir vamos arranjar maneira de mais nenhum entrar na tua cabeça enquanto estás com os olhos fechados.

- Mas, como? – perguntou o João.

O pai, com um sorriso triunfante (que é um sorriso de quem já ganhou), tirou de trás das costas o que parecia um mata-moscas.

- Mas isso é um mata-moscas – disse o João.

- Aí é que tu te enganas – esclareceu o pai. – Isto é um mata-pesadelos. E logo à noite vais ver como funciona. No primeiro dia o pai vai ficar no teu quarto a dormir, mas depois o mata-pesadelos já sabe o que tem de fazer e pode lá ficar sozinho a tomar conta de ti.

- Mas como é que funciona? – perguntou o João, um bocadinho desconfiado.

- Tem um detector de pesadelos e, vê um pesadelo gatinhar pela cama, dá-lhe uma sapatada e zás! O pesadelo desaparece – explicou o pai.

Naquela mesma noite o pai deitou-se ao lado do João. E o João adormeceu muito depressa porque sabia que tinha o pai ao lado. E só acordou de manhã, com o pai a ressonar perto do ouvido:

- Pai, pai, acorda! Mataste muitos pesadelos? – perguntou o João.

O pai demorou um bocadinho a acordar porque tinha passado a noite toda a matar pesadelos, coitado, mas mal percebeu onde estava, começou a contar:

- João, matei dois grandes e dois pequenos. E o mata-pesadelos ao fim da noite já trabalhava sozinho. Vou pendurá-lo no tecto com um elástico muito comprido para ele conseguir chegar onde precisa, e já está.

E a partir desse dia o João deixou de ter tantos pesadelos. De vez em quando ainda tinha um ou outro e, quando acordava assustado, ralhava sempre com o mata-pesadelos, que pedia muita desculpa por ter adormecido em serviço.


In, Histórias para contar em minuto e meio de Isabel Stilwell




Feliz Dia do Pai



4 comentários:

Mona Lisa disse...

Olá Mena

Atrasada, mas desejo-te tb um feliz dia do Pai.

Adoro as vossas iniciativas com as crianças para assinalar estes dias mais significativos.

Bjs.

Atelier da Casaleira disse...

olá,boa tarde!
sempre atenta a todos os pormenores da vida,destacando-os sempre de forma firme e bonita,beijinho

artes_romao disse...

boa noite,td bem?
gostei deste post também....
muito completo para um dia tão especial.
bom fdsemana, fica bem.
jinhos***

APO (Bem-Trapilho) disse...

bom dia Mena!
só hj cá vim ler a história à M.. Ela gostou imenso. Já temos espreitados os livros da Isabel Stilwell na Biblioteca. qualquer dia temos que trazer algum. esta história é do primeiro volume?