domingo, 7 de outubro de 2007

Vamos almoçar com o mano! (Albufeira e Sagres)




























A minha filha passou toda a semana a dizer que tinha saudades do irmão. O Luís estava no Algarve a passar férias com amigos e colegas de faculdade. Decidimos, então, ir a Albufeira almoçar e passar um bocado com ele. Foi o único dia, destas férias, que a Ana se levantou cedo e sem reclamar! Era urgentíssimo ir ter com o irmão!
Chegámos a Albufeira a tempo de dar um passeio e um mergulho na Praia dos Tomates, antes do almoço.
Almoçámos no Restaurante “O Lavrador” (nome curioso para um restaurante em Albufeira, perto da praia) um delicioso peixinho grelhado (robalo). Mataram-se as saudades, fomos até ao Cento Comercial de Albufeira comprar uns presentinhos e depois viajámos até Sagres para um passeio mais cultural.

Fortaleza de Sagres
A Fortaleza de Sagres, orgulhosa e altiva, foi mandada construir pelo infante D. Henrique, com intuito defensivo. Foi desta península isolada da Ponta de Sagres que Dom Henrique, o Navegador, enviou os seus marinheiros na missão de explorar os mares desconhecidos.
A sua construção remonta, pois, ao século XV, embora tenha sofrido várias modificações desde essa altura. No seu interior está desenhada com pedras no chão, uma gigantesca rosa-dos-ventos, com mais de quarenta metros de diâmetro.
Diziam na Antiguidade (século VI a. C.) que este lugar era dedicado a Saturno, e que "assusta pelos seus rochedos, este ponto da rica Europa, que entra pelas águas salgadas do oceano povoado de monstros".
No período romano, é Estrabão que defende ser este "o ponto mais ocidental da Ibéria, onde não é permitido oferecer sacrifícios nem pernoitar, pois dizem que os deuses o ocupam a essas horas". E o povo de Sagres concluía que o Sol deste lugar emitia ruídos quando se punha em cada dia...

Cabo de S. Vicente
O Cabo de São Vicente, varrido pelo vento, situa-se no extremo sudoeste da Europa. Os romanos chamavam-lhe o Promontório Sacro e, na Idade Média, acreditava-se que era ali o fim do Mundo. Hoje, a paisagem ainda nos impressiona, com grandes rochedos suportando o Atlântico onde as ondas escavaram cavernas profundas e misteriosas.

Lenda dos Corvos de S. Vicente
Em tempos muito antigos, quando o rei Rodrigo perdeu a batalha de Guadalete e os mouros ocuparam a Península Ibérica e ordenaram que todas as igrejas fossem convertidas em mesquitas muçulmanas, os cristãos de Valência, entre eles um deão (decano), quiseram pôr a salvo o corpo do mártir S. Vicente que estava guardado numa igreja. Com intenção de chegarem às Astúrias de barco, fizeram-se ao mar levando consigo o corpo do santo. Cruzaram o Mediterrâneo sem perigo, mas quando chegaram ao Atlântico, o mar estava mais turbulento e foram forçados a aproximar-se da costa. Perguntaram, então, ao mestre da embarcação que terra tão bela era aquela e que cabo era aquele que avistavam. O mestre respondeu-lhes que a terra se chamava Algarve e que o cabo se chamava promontório Sacro. Foi então que os cristãos de Valência consideraram a hipótese de desembarcar, construir um templo em memória de S. Vicente e dar o nome do santo ao cabo mais ocidental, junto ao promontório de Sagres. Mas enquanto estavam nestas considerações, o barco encalhou, o que os forçou a passar ali a noite. Na manhã seguinte, quando se preparavam para retomar viagem, avistaram um navio pirata. O mestre da embarcação propôs-lhes afastar-se com o navio para evitar a abordagem dos corsários, enquanto os cristãos se escondiam na praia com a sua relíquia. Depois viria buscá-los. Mas o barco nunca mais voltou e os cristãos, que ficaram naquele lugar, construíram um templo em memória de S. Vicente e formaram uma pequena aldeia à sua volta, isolados, naquele lugar ermo.
Entretanto D. Afonso Henriques entrou em guerra com os mouros do Algarve e estes vingaram-se dos cristãos de S. Vicente, arrasando-lhes a aldeia e levando-os cativos.
Passados cinquenta anos um cavaleiro veio avisar D. Afonso Henriques que existiam cativos cristãos entre os prisioneiros feitos numa batalha contra os mouros. Chamados à presença do rei, o deão, já muito velho, contou-lhe a sua história e confidenciou-lhe que tinham enterrado o corpo de S. Vicente num local secreto. Pedia ao rei que resgatasse o corpo do mártir para um local seguro. D. Afonso Henriques aproveitou um período de tréguas na sua luta contra os mouros e zarpou num barco com o deão a caminho de S. Vicente. Mas o deão morreu durante a viagem e sem saber o local exacto onde estava enterrado o santo, D. Afonso Henriques aproximou-se do cabo e das ruínas do antigo templo. Foi então que avistou um bando de corvos que sobrevoava um certo lugar. Os seus homens escavaram e ali encontraram o sepulcro de S. Vicente, escondido na rocha. Levaram o corpo de S. Vicente de barco para Lisboa e durante toda a viagem foram acompanhados por dois corvos, cuja imagem ainda hoje figura no escudo de Lisboa, testemunho desta história extraordinária.

Depois deste passeio cultural, regressámos a S. Teotónio. O Sr. Fernando e família esperavam-nos para jantar uma açorda alentejana, como nunca tinhamos saboreado, e para nos despedirmos. No dia seguinte, partiríamos para Moura, no outro extremo do Alentejo.
Assim se passaram oito dias maravilhosos no Sudoeste alentejano e costa vicentina.

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